quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Solidão azul

Há momentos de extrema solidão. Nascer e morrer se faz só. Também se está só naqueles episódios cruciais, que precedem rituais de passagem. Os segundos antes de se atirar no vazio e pular de bunge jump, asa delta, para-quedas. Os minutos depois de receber uma impactante notícia. A contagem até ver aquela linhazinha azul se formar (ou não) no teste de farmácia. A faixa azul que surge – ou que não se forma – traz a maior notícias de nossas vidas, muda nosso mundo e carrega com ela, em poucos minutos, emoções fortíssimas.

– "Estou grávida!", e toda alegria e pânico que essa descoberta provoca.

Ou

– ”Vou ter de esperar mais um mês…” e toda a frustração (ou o alívio) que essa realidade traz.

Duvido que eu me esqueça alguma vez dos dois momentos em que fiquei, absolutamente só, no banheiro, com a notícia de meus filhos. E a ansiedade de contar para o pai? E ter de passar uma tarde inteira convivendo com aquela revelação, até encontrá-lo, porque não é o tipo de coisa que você conta assim, pelo telefone? E aquela vontade de sair falando alto:

– "Tô grávida!!!", mas segurar a onda, porque você fez o teste no banheiro do trabalho?

A cabeça fica repleta de pensamentos, dos mais cretinos (peraí, eram duas linhas ou uma linha que indicava o positivo?) aos mais transcendentais (meu Deus, vou saber cuidar de uma criança?), e você segurando, sozinha, aquela espécie de canetinha com duas listras azuis…

Acho que seria de muito bom tom que o fabricante incluísse, além das instruções básicas, do tipo: "Dispense o primeiro jato de urina, aguarde não sei quantos segundos", alguma outra dica sobre como se preparar para um dos momentos mais emocionantes da vida.

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