Cesárea X Parto Normal: vamos aos fatos

A cesárea é uma cirurgia, e por isso envolve riscos de infeção e até de morte, como qualquer cirurgia, tanto para a mãe quanto para o bebê. “Cerca de 12% dos bebês que nascem de cesariana vão para a UTI. No parto normal, esse número cai para 3%", diz Renato Kalil, obstetra do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo (veja reportagem completa no link: http://www.bebe.com.br/gravidez/saude/seis-motivos-parto-normal.php).

A cesárea também exige o corte de várias camadas de pele e a sua posterior costura. Portanto, esse papo de que não dói é muito questionável. “A sensação da cesariana é semelhante à de qualquer outra cirurgia no abdômen. É como extrair uma porção do intestino ou operar o estômago”, compara o dr. Renato Kalil. E as parturientes ficam deitadas, em um centro cirúrgico, com os braços abertos e amarrados.

Eu nunca fui operada de nada e sempre achei que esse negócio de receber um filho amarrada, num lugar para doentes, e com uma operação, não era bem o que eu queria para o início da minha vida como mãe. Também não vou dizer que parto normal não dói. Os meus, pelo menos, doeram. A questão é como é essa dor e quando ela acontece. A dor do parto normal se dá antes de o bebê nascer. A da cesárea, vem depois.

Num parto normal, as contrações vão aumentando de intensidade e ficando cada vez mais freqüentes. São como uma onda no mar, que você vê se formando ao longe, crescendo, chegando no pico e terminando. Você sente a contração começar, de leve, aumentar e passar. Agora, entre uma contração e outra, nada acontece. Não é como dor de dente, dor de cabeça, algo contínuo. E tem o seguinte: se você está atravessando esse mar de contrações e elas se tornam ondas altíssimas (cada mulher têm uma tolerância diferente à dor), você sempre pode optar por tomar anestesia. Com ela, a dor vai embora, mas você continua ali, ativa, participando do seu parto, ajudando o seu bebê, e não amarrada numa mesa com um pano na frente, sem ver absolutamente nada, como na cesariana.

Aí, o bebê nasce. E no segundo em que ele sai: "plim!", tudo passa. Não tem mais dor. Acabou. Aquele oceano de contrações vira um presente: seu bebê no colo. E você está pronta para curti-lo, amamentá-lo, cuidá-lo. Quem faz uma cesárea, geralmente, demora várias horas para se recuperar, o que atrasa a lactação. Além disso, no parto normal é menor a incidência de desconforto respiratório nos bebês, porque a pressão durante a passagem pelo canal vaginal sobre o tórax da criança a ajuda a expelir o líquido presente em seus pulmões.

Outra vantagem? Em um parto normal, você sabe que a crianca estava pronta para nascer, já formada. “Quando a cirurgia é agendada, corre-se o risco de a criança nascer prematura, mais magra e com os músculos ainda não completamente desenvolvidos”, diz o obstetra Luiz Fernando Leite, das maternidades Santa Joana e Pro Matre, em São Paulo.

Minha filha Ana, hoje com 4 anos, nasceu às 21h30. Depois de segurá-la no colo, colocá-la no peito e passar um tempo com a família, eu, ela e meu marido, Ricardo, fomos dormir. Às 8h30 do dia seguinte eu acordei e, como o Ricardo e a Ana ainda dormiam, cada um de um lado da minha cama, fui dar uma volta pelo corredor, olhar os bebês no berçário.

As mulheres que fizeram cesárea (todas as que estavam no hospital nos 3 dias em que lá fiquei – o meu foi o único parto normal), se separaram do bebê pouco tempo depois do nascimento e foram para um quarto se recuperar. Nada de curtir, botar no peito, mostrar para a família, ficar olhando cada dobrinha. E as dores dos cortes das cesáreas ainda levariam entre 30 e 40 dias para sumir.

É claro que a cesárea pode ser necessária para salvar a vida de mãe e filho. Mas existe para ser utilizada em situações específicas em que não é possível o parto normal. Não é algo para ser "escolhido", tipo água com gás ou sem.