segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Irmãos, bah!

A mãe passou os 9 meses de gravidez explicando ao primeiro filho que a barriga dela iria crescer, que depois eles iriam para o hospital, o irmão nasceria e aí eles voltariam para casa, todos juntos. De fato, foi assim que correu. Mas depois de alguns dias em casa, o primogênito disparou:

– "Ô mãe, sua barriga cresceu, a gente foi para o hospital e o irmão nasceu. E agora? Quando ele vai embora?"

Na casa da Carol, uma amiga querida, a pergunta da mais velha, depois de passar alguns dias em casa com a bebê que acabara de nascer foi:

– "Mamãe, afinal de contas, essa bebê serve pra quê?"

Aqui em casa, minha filha oscila entre carinhos na barriga e ataques de fúria, dirigidos principalmente a mim:

– "Que sapato feio, você está toda descabelada, barriguda, esquecida!"

Ela provavelmente está certa. A elegância foi para o brejo faz algum tempo em prol do conforto, e eu ando muito desligada. Ela também não está nada feliz com a idéia de perder a atenção da mãe para um desconhecido e anda com raiva por ser destituída de seu trono de única criança da casa.

– "Você vai gostar mais dele do que de mim..." me disse outro dia, chorando.

Tento explicar que ela vai continuar sendo uma filha querida, a mais velha, que cabe bastante gente em nosso querer e não é preciso escolher qual filho amar mais. Mas a fantasia de uma menina de 4 anos sobre alguém que foi feito juntando duas sementinhas e que vai sair de dentro da barriga pode ser muito mais fértil que a realidade (que, convenhamos, é bem louca também). Outro dia ela me perguntou:

– "Mãe, onde estava o meu irmão no meu aniversário de 2 anos?"

E até eu me surpreendi com a resposta de que "ele ainda não existia". Tem coisa mais maluca do que criar uma existência? Provavelmente não. Nem tão maravilhosa. Assim como é imensamente bom ter irmãos com quem compartilhar a vida.

Eu só tive meios irmãos, e uma irmã "postiça", filha do meu padrasto. Mas vivi uma intensa irmandade e agradeço por cada um deles.
A Ana, minha filha, provavelmente vai descobrir a dádiva de contar com um laço de irmandade algum dia. Mas até lá, eu devo continuar sem saber se o que vem é um abraço ou um:

– "Sai, mãe!"

Nenhum comentário:

Postar um comentário