segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Avós grávidas

Minha avó sempre foi louca para virar bisavó. Infelizmente, tive filhos mais velha e não deu tempo. Aí, a coisa foi começando a pegar com a minha mãe. A ansiedade por virar avó foi ficando crescente, e nem eu nem a minha irmã tínhamos muita pressa...

Quando finalmente chegou o anúncio da minha primeira gravidez, ela entrou em parafuso! Comprou mil presentes, me entregou um valiosíssimo caderno que ela escrevera enquanto estava grávida de mim e nos meus primeiros anos de vida que guardo feito relíquia, foi fazer aulas de tricô para produzir vários casaquinhos... Um evento.
Até aí, todo mundo feliz. Minha mãe estava contentíssima por virar avó e eu muito satisfeita com esse sentimento. Ela se ocupava com mil coisas e eu lia tudo o que caía nas minhas mãos sobre parto e gravidez. Um dia, ela anunciou mais uma atividade:

– Comecei a fazer um curso de Shantala.

– Shantala, mãe? Aquela massagem para bebês que normalmente se faz depois do banho?

Era isso mesmo. Na hora nem falei nada. Depois, a cabeça começou a girar: "Quando ela vai praticar isso?"; "Por que uma avó vai fazer curso de massagem para bebês?"; "Por que ela não me perguntou se eu achava legal fazer Shantala na minha filha?"; "Será que ela está pensando em vir TODO DIA em casa, dar banho na MINHA filha e depois fazer uma massagem que teoricamente facilita o vínculo de mãe e bebê?"...

Dessa vez, fui eu quem entrou em parafuso. Não queria ser indelicada, mas aquilo passava totalmente dos limites. Incomodava. Era como se ela estivesse se apropriando da minha gravidez. Com todo o tato do mundo, chamei minha mãe para um papo e expus meus sentimentos: eu estava feliz por ela participar e queria tê-la por perto, mas aquela era a minha experiência e eu precisava trilhar e descobrir – em muitos momentos, sozinha – o que seria melhor para o meu bebê. Nesse caminho, certas tarefas – como uma massagem diária –, se fossem acontecer, caberiam a mim. Não foi fácil falar. Mas acho que nesse momento cada uma entendeu o seu papel: eu comecei a ser mãe da minha filha, e ela começou a ser avó.

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