segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Essas grandes mulheres

Não conheci minha bisavó. Sei que era uruguaia, muito bondosa, e que se casou com um espanhol bravíssimo, vindo do país basco. Eles tiveram e criaram seis filhas mulheres, uma das quais, minha avó.
Eu cresci ouvindo histórias sobre ela: como protegia as garotas da ira do pai quando ele ficava bravo, como alimentava as galinhas e coelhos que criavam na casa, como ajudava suas seis meninas nos afazeres. Gostava de ouvir as anedotas, mas elas não me tocavam muito, não passavam de curiosidade.
Depois que virei mãe, admiro essa minha bisa terrivelmente. Quase todo dia eu me pergunto: como é que ela fazia para cuidar de seis crianças, com idades próximas umas das outras, e ainda cozinhar, lavar, passar e limpar uma casa inteira??? Me pego fazendo cálculos: com seis filhos, em algum momento um havia acabado de nascer, o outro provavelmente ainda não largara as fraldas (de pano!!) e o terceiro, se largara, devia ainda ser bem pequeno...
Lavar roupas de oito (o casal mais seis filhas), cozinhar para esse batalhão, alimentar animais e ainda sobrar bom humor no final do dia? Tudo bem, ela não tinha um emprego, nem chefe, nem morava numa cidade como São Paulo, em que deslocar-se pode virar uma empreitada hercúlea assim que caem uns pingos de chuva.
Mas quer saber? Minha vida, aos olhos dela, deve ser fichinha! Só uma filha e outro a caminho, um trabalho, um marido (que me ajuda) e uma casa cuja responsabilidade por que funcione não é inteiramente minha. A bisa virou uma grande companhia, com quem eu adoraria poder conversar. Sempre que me pego abotoando o casaco da minha filha, falando de algum assunto de trabalho ao celular e mandando o último email antes de sair, tudo ao mesmo tempo, bem enlouquecida, eu penso: a minha bisa conseguiu!! Como será que ela fez? Idéias e conselhos, por favor, escrevam...

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