segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Dimensões

Os homens podem mudar, ao menos de rosto, em poucos dias. Uma barba, um bigode ou costeletas fazem a diferença. Nós (a menos que você encare uma plástica, mas aí são palavras maiores), nos transformamos de modo mais tênue, com o passar do tempo.
A não ser na gravidez. Aí, peitos e barriga entram em uma corrida desenfreada.
Na largada, o peito se lança à frente. Quem já tinha vira uma matrona (meu caso). Quem não, fica bem feliz e experimenta a sensação de usar sutiã, ver a blusa ficar mais altinha... Mas que é estranho perceber o corpo com o qual você conviveu durante 20, 30 anos, mudar repentinamente, isso é.
Para mim, o peito salta e a barriga demora. A partir do quinto, sexto mês é que ela dá jeito, resolve mostrar a que veio e ultrapassa o peitão. Só então você fica realmente grávida, aquela coisa assumida, de poder furar a fila sem medo de alguém duvidar e você ter de mostrar o teste...
A questão é se acostumar ao fato de que você chega aos lugares antes do que chegava. Quem nunca bateu o barrigão na pia por calcular mal? E para entrar no carro? Quem nunca derrubou comida na roupa?
Quando seu cérebro mais ou menos entende a situação, e começa a perceber que os movimentos automáticos (levantar, se aproximar de um lugar, deitar) precisam ser mais calculados do que antes, a situação muda novamente.
Porque então o bebê nasce e a barriga vira aquele poltergeist estranho, vazio, meio molão (calma! vai passar!!). E o peito? Nessa hora ele vai à forra e se enche de leite, atingindo seu ápice na vida. Pronto: de mulheres-barriga viramos de novo mulheres-peito.
Acabou? Que nada! Depois de parar de amamentar, o peito ainda leva um tempo até voltar ao que era. Ou seja: demora para você ser você de novo.
Quer saber? Mentira: depois de ter um filho, você nunca mais vai ser aquela você de novo. Filhos inauguram uma nova versão de nós mesmas.

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