segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Afinal, o que é episiotomia???

Esse nomezinho estranho aí em cima designa uma mini-cirurgia que muitos médicos no Brasil ainda praticam, à qual muitas mulheres que fazem parto normal são submetidas, na maior parte das vezes sem nem saber (ou precisar).
Trata-se de um corte no períneo (engravidar é conhecer nomes estranhos e locais do corpo até então não apresentados). Pois bem, o períneo, muito prazer, é o grupo de músculos que circunda a vagina e vai até o ânus. E a episiotomia é uma incisão feita sobre o períneo para apressar a saída do bebê, aumentando a abertura.
Tudo começou na Irlanda, em 1742, quando um médico, procurando encontrar uma saída para um parto difícil, teve essa idéia. Desde então, hospitais e obstetras pelo mundo todo adotaram a episiotomia como rotina e passaram a usá-la em 80% dos casos, inclusive aqui no Brasil.
Ainda bem que, assim como toda a medicina, a obstetrícia também evoluiu. Foi então que a opinião a respeito desse procedimento, antes considerado benéfico, mudou. Hoje, o American College of Obstetricians and Gynecologists (Academia Americana de Obstetrícia e Ginecologia)* recomenda que a episiotomia não seja feita rotineiramente. Por que?

1. Estudos comprovaram que os bebês passam bem sem a episiotomia, mesmo que o trabalho de parto seja demorado;

2. As mulheres, em boa parte dos casos, conseguem dar passagem ao bebê sem sofrer nenhuma laceração ou corte. Então, para quê cortar a musculatura artificialmente e depois ficar com uma cicatriz que pode infeccionar ou causar hemorragias?

3. Mesmo que o períneo da mulher sofra alguma ruptura durante o parto, em muitos casos elas são menores e menos fundas do que o corte da episiotomia, e podem ser costuradas mais facilmente, evitando a dor da cicatrização da episiotomia;

4. A episiotomia leva, em muitos casos, à incontinência urinária na maturidade, já que o obstetra dificilmente consegue recompor a região como antes.

Conclusão: a episiotomia só é recomendada em cerca de 20% dos casos, quando há necessidade do uso de vácuo ou fórceps, ou quando o períneo é por demais rígido. Para todas as outras mulheres, o ideal é ter paciência, deixar o parto desenrolar-se a seu tempo e só cortar em último caso.
Converse com o seu médico e veja qual é a opinião dele sobre esse assunto. Tem muitos que ainda estão em 1742 (ou que preferem um parto mais rápido). Mas o períneo é seu. E é você quem deve zelar por ele!
Além do mais, sabe o quê? Nascer rápido nem sempre significa nascer melhor.

* Leia matérias publicadas no site www.amigasdoparto.com.br. Há informações sobre episiotomia também nos livros Parto Normal ou Cesárea? O que toda mulher deve saber (e todo homem também), da Editora Unesp; e O que Esperar Quando Você Está Esperando, da Editora Record


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